Arado é um instrumento que serve para lavrar (arar) o solo, revolvendo a terra com o objetivo de descompactá-la e, assim, viabilizar um melhor desenvolvimento das raízes das plantas. Expõe o subsolo à ação do sol, ajudando a aumentar a temperatura e apressar o degelo. Também enterra restos de culturas agrícolas anteriores ou ervas daninhas porventura existentes. Melhora ainda a infiltração de água no solo e a aeração, além de realizar a construção de curvas de níveis. É uma das etapas agrícolas que antecede a semeadura.Além desse objetivo primacial, a aração permite um maior arejamento do solo, o que possibilita o desenvolvimento dos organismos úteis, como as minhocas, além de, alguns casos, permitir a mistura de nutrientes (adubos, químicos ou orgânicos; corretivos de acidez, etc.). O arado é capaz de descompactar uma camada de solo que pode chegar aos 40 cm de profundidade.[1]
Foi uma das grandes invenções da humanidade, por permitir a produção de crescentes quantidades de alimentos e o estabelecimento de populações estáveis.
Por volta de 4500 a.C., o ser humano cansou de vagar em busca de terras boas para o cultivo e de depender de minhocas para preparar o solo. Nossos antepassados usavam galhos de árvores para afofar o solo e fazer sulcos onde eram colocadas as sementes, como enxadas primitivas. Como nessa época o ser humano já havia dominado a metalurgia e a domesticação de animais, inventou um utensílio feito com galhos bifurcados (que depois recebeu uma pedra afiada na ponta) que, puxado por animais, arava a terra.[2] Os sumérios foram os primeiros a utilizarem arados tracionados por animais.
A partir do domínio da terra, o ser humano se fixou em aldeias e aumentou consideravelmente sua produtividade, gerando excedente e consequentemente iniciando atividades comerciais com povos vizinhos.[2] Os principais polos foram os vales dos rios da Mesopotâmia, Egito, Índia e China, os berços das primeiras civilizações da Antiguidade.[2] O impacto da invenção do arado foi tão grande que hoje ela é considerada um marco da Revolução Agrícola.[2] Os arados desta época apenas rasgavam a terra, sem revirá-la como fazem os arados mais modernos.[3]
O arado conhecido mais antigo do mundo, aproximadamente do ano 1.500 a.C. está exposto no Museu Nacional da Baixa Saxónia.[4]
A evolução foi muitíssimo lenta, baseando-se apenas em melhorar o arado de pau puxado pelo homem e alguns utensílios de pedra, passaram-se séculos para que os trabalhos de arrasto feitos pelo homem pudessem ser substituídos pela força animal, libertando-se o homem de trabalho tão árduo.[4] Com o aparecimento e barateamento do ferro, o arado foi melhorado.[4]
Na Baixa Idade Média houve várias conquistas técnicas com o arado de ferro, foram desenvolvidas novas maneiras de se atrelarem os animais, de modo a permitir que eles fossem utilizados à plena força, além de ter sido substituído o boi pelo cavalo, como animal de tração.[5]
No início do século XIX os arados eram feitos de ferro fundido, adequados ao solo arenoso, porém solos mais ricos se agarravam nas partes inferiores do arado, obrigado o operador a parar e raspar o solo do arado.[6] John Deere, em 1837, estudou este problema e chegou a conclusão que um arado com uma aiveca e uma lâmina com uma forma apropriada, altamente polidas, deveriam limpar-se a si próprias ao torcer sulco de solo grudado no arado.
Também chamado de vanga ou enxadão, feito de madeira ou ferro.
Eram primitivos arados em madeira ou ferro , em forma de L, de tração animal.
São arados em ferro na forma de um V, com tombador de terra, para tração animal ou mecânica. É o mais antigo implemento fabricado para a realização do preparo do solo. No Brasil, esse implemento é mais destinado à tração animal.[7]
Possui diversos tipos: aiveca helicoidal destinada a uma lavoura superficial e rápida, deixando um solo com torrões grandes; semi-helicoidal (Universal ou Americana) recomendada para uma lavoura normal, deixando torrões grandes na parte inferior e torrões menores na camada mais superficial; aiveca cilíndrica é recomendada para lavoura com tração animal, deixando torrões de todo o tamanho misturado com o solo pulverizado; aivecas recortadas recomendadas para solos pegajosos.[1]
O arado de aiveca produz uma inversão do solo melhor que a do arado de discos, mas apresenta restrições ao uso em solos com obstáculos, tais como pedras e tocos, caso não haja mecanismos de segurança, com desarme automático.[8] O arado de aiveca pode ser equipado com vários acessórios, que facilitam o corte vertical do solo e evitam o embuchamento.[7]
Possui grandes discos de aço apoiados em mancais rotativos, para tração mecânica. Surgiu como alternativa ao de aiveca e teve como ponto de partida a grade de discos, sendo o implemento de preparo de solo mais usado no Brasil, devido a sua facilidade de confecção e melhor adaptação às variadas condições de solos.[7] Apesar do movimento giratório dos discos, que corta o solo e a vegetação, esse tipo de arado requer peso para penetrar no solo; o que não acontece no de aiveca, cuja penetração é provocada pela conformação de suas partes ativas.[7]
É ideal para ser usado em solos secos, duros, pegajosos, com raízes e pedras, nos quais as aivecas apresentam dificuldades de operação.[7] Quando o solo é arenoso e limpo pode-se utilizar discos grandes; em solos duros com raízes e restos vegetais, recomenda-se utilizar discos menores e com bordas recortadas.[9] Um inconveniente deste tipo de arado é que com o passar dos anos e uma utilização contínua, pode haver uma acumulação de terra nos terraços, pois esse tipo joga a terra para um dos lados. Para evitar esse problema, deve ser adotada a prática de se alternar o sentido de tombamento das leivas.[10] Outro inconveniente desse tipo de arado é que uma das rodas do trator passa sobre o sulco aberto, compactando o solo.[10] Por outro lado, os arados de discos possuem a vantagem de continuarem operando, mesmo depois que seus órgãos ativos tenham sofrido um desgaste considerável, podendo ser utilizados em solos abrasivos sem perda da sua eficiência.[11]
Também chamado de arado escarificador, possui de cinco a onze ferros ou braços montados em barras paralelas sobre um quadro porta-ferramentas e espaçados entre si de 60 a 70 cm, em cada barra, de modo a dar um espaçamento efetivo entre sulcos paralelos de 30 a 35 cm.[8] Aumenta a rugosidade do solo, quebra a estrutura do solo a uma profundidade de 20 a 25 cm, aumentando a capacidade de infiltração de água no solo, diminui a evaporação e quebra a camada compactada, abaixo da área de preparo de solo.[12] Por causa de sua maior velocidade, à medida que se aumenta a área da propriedade, há uma preferência pela grade aradora em detrimento do arado de disco.[12] Uma desvantagem da grade aradora é que ela provoca grande pulverização do solo.[12]
Quanto ao tipo de tração, o arado pode ser:
Os arados puxados por tratores podem ser simples, utilizados em pequenas explorações agrícolas, ou múltiplos,utilizados nas grandes explorações.
Em regiões de clima tropical e altas temperaturas, a exposição do substrato ao calor do sol pode ter efeitos contrários ao pretendido, com excessiva perda de humidade e extinção da micro-fauna biológica que ajuda a decomposição e o aproveitamento dos nutrientes. A lavoura com arado também facilita a erosão, o que pode ser um grande problema em regiões de chuvas intensas. Por isso, a prática agrícola moderna preconiza uma mínima movimentação do solo, a utilização do chamado plantio direto, onde apenas uma estreita faixa é revolvida, mantendo-se a cobertura de restos culturais sobre o terreno, o que ajuda na manutenção da humidade.[13]
Como o arado comum sempre tomba a terra para um mesmo lado,é impossível ter-se linhas consecutivas trabalhadas em sentidos inversos, que estragariam o terreno. Usam-se então esquemas para dividir a área em glebas, arando umas na ida e outras na volta. É preciso também arar transversalmente à declividade, para não facilitar a erosão. Modernamente usam-se arados reversíveis por acionamento mecânico ou hidráulico, que facilita a prática agrícola.