Caráter (ou carácter em português europeu antes do Acordo Ortográfico de 1990[1]) é um termo usado em psicologia como componente da personalidade. Em linguagem comum o termo descreve os traços morais da personalidade.[2]
Na psicologia da personalidade, o caráter se refere principalmente às características autorregulatórias da personalidade, que são desenvolvidas de maneira incremental e associadas a áreas do cérebro relacionadas a processos intencionais e funções metacognitivas.[3][4] Geralmente é contrastado com o temperamento, que abrange mais aspectos envolvendo reações emocionais básicas e comportamentos automáticos.[3]
Apesar de também dependente de uma complexa interação entre conjuntos de genes,[5] a determinação do caráter aparece de forma mais leve do que em relação ao temperamento: o temperamento é moderadamente estável ao longo da vida, enquanto o caráter surge após a infância, sofre maturação e é influenciado pela aprendizagem social e cultural. O temperamento possui forte predisposição inata de componentes biológicos, e é independente de cultura ou aprendizagem social.[3]
As escolas da caracterologia alemã e franco-holandesa esforçaram-se por dar aos dois termos (personalidade e caráter) um significado diferente, sem que, no entanto, se chegasse a um consenso.[6] René Le Senne, por exemplo, propõe a seguinte distinção: Caráter referiu-se, naquele contexto, ao conjunto de disposições congênitas, ou seja, que o indivíduo possui desde seu nascimento e compõe, assim, o esqueleto mental do indivíduo; já personalidade foi definida como o conjunto de disposições mais "externas", como que a "musculatura mental" - todos os elementos constitutivos do ser humano que foram adquiridos no correr da vida, incluindo todos os tipos de processos mentais.[7]
As definições convencionais são outras atualmente na neurociência. C. Robert Cloninger afirma que o bem estar pessoal máximo é atingido quando um indivíduo possui bem desenvolvidos os três traços formadores do caráter segundo seu Inventário de Temperamento e Caráter: autodirecionamento, cooperatividade e autotranscendência.[8][9]
Os genes que codificam perfis de caráter são diferentes dos genes que codificam perfis de temperamento, mas ambos são integrados juntos por interações ambientais; quanto ao caráter, preponderam genes de RNAs longos não codificantes, que regulam a expressão gênica.[5]