Jornal do Brasil | |
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Capa de relançamento da versão impressa, em 25 de fevereiro de 2018 | |
Periodicidade | Diário |
Formato | Standard Berlinense (2006-2010) Digital (2010-presente) |
Sede | Rio de Janeiro, RJ |
País | Brasil |
Preço | R$ 5,00 R$ 6,00 (aos domingos) |
Assinatura | Sim |
Slogan | O jornal do Brasil |
Fundação | 9 de abril de 1891 (133 anos) |
Fundador(es) | Rodolfo Dantas |
Presidente | Omar Resende Peres Filho |
Diretor | Gilberto Menezes Côrtes |
Editor-administrativo | Antônio Carlos Mello Affonso |
Editor de notícias | Romildo Guerrante (Cidade) Octávio Costa (Política/Nacional) |
Editor de esportes | Toninho Nascimento |
Editor de fotografia | José Marinho Peres |
Conselho de redação | ver mais |
Idioma | (em português brasileiro) |
Página oficial | jb |
Jornal do Brasil é um tradicional jornal brasileiro que é editado na cidade do Rio de Janeiro, capital do estado homônimo. Foi fundado em 1891 pelo jornalista Rodolfo Epifânio de Sousa Dantas, e atualmente pertence ao empresário Omar Resende Peres Filho, que sublicenciou a marca, de propriedade de Nelson Tanure. Em 2010, tornou-se o primeiro periódico brasileiro a ser totalmente digital,[1] mas voltou a ter sua versão impressa publicada em 2018.[2]
O Jornal do Brazil (grafia utilizada até 1893) foi fundado em 9 de abril de 1891 pelo jornalista e político Rodolfo Epifânio de Sousa Dantas, com intenção de defender a monarquia recentemente deposta, embora tivesse que agir de maneira discreta ante o regime republicano para não sofrer com a censura, tal como outros jornais da época. De nível elevado, contava com a colaboração de José Veríssimo, Joaquim Nabuco, Aristides Spínola, Ulisses Viana, o Barão do Rio Branco (que escrevia as célebres colunas Efemérides e Cartas de França), e outros como Oliveira Lima, então apenas um jovem historiador. As afinidades da maioria desses elementos com o regime deposto foram sintetizadas por Nabuco como "a melhor República possível".[3]
O periódico inovou por sua estrutura empresarial, parque gráfico (na época sediado na Rua Gonçalves Dias, 56), pela distribuição em carroças e a participação de correspondentes estrangeiros, como Eça de Queiroz. Teve sua redação empastelada pela primeira vez em 16 de dezembro de 1891, dias após a morte do Imperador D. Pedro II, noticiada com pesar em uma edição especial tarjada de negro em sinal de luto. Após o ocorrido, Rodolfo Dantas, Joaquim Nabuco e Sancho de Barros Pimentel deixaram o jornal, que passou a ser dirigido por Henrique de Villeneuve, que passou a dar uma orientação mais conservadora ao jornal. Em 1893, a propriedade do jornal passa a ser de uma sociedade anônima, e em maio do mesmo ano, Rui Barbosa adquire-o por 70:000$000 (setenta contos de réis) juntamente com Joaquim Lúcio de Albuquerque Melo. Barbosa assumiu a função de redator-chefe do jornal, que deixou oficialmente de defender a volta da monarquia e passou a apoiar a república, porém, indo contra os interesses do presidente Floriano Peixoto.[4]
Nesta época, o Jornal do Brasil (agora com a grafia utilizada desde então) passou a publicar notícias internacionais, em parceria com a agência de notícias Reuter-Havas. Na Revolução Federalista, que ocorreu entre 1893 e 1895, Barbosa publicou no jornal em 31 de agosto o habeas corpus que expediu a favor do almirante Eduardo Wandenkolk, que havia sido preso por assinar o Manifesto dos 13 generais. Por conta disso, o jornal foi novamente empastelado três dias após a publicação. Em 6 de setembro de 1893, dia que eclodiu a Segunda Revolta da Armada, o Jornal do Brasil foi o único periódico da então Capital Federal a publicar o manifesto do Contra-Almirante Custódio de Melo, bem como um artigo onde Rui Barbosa atacava os partidários de Floriano, que mandou caça-lo "vivo ou morto". Barbosa parte para o exílio pouco depois, e o jornal fica em circulação até o presidente decretar estado de sítio e suspender a liberdade de imprensa no Brasil, causando o fechamento do Jornal do Brasil por 1 ano e 45 dias.[3]
Por iniciativa dos irmãos Cândido Mendes de Almeida Filho e Fernando Mendes de Almeida, que formaram a Mendes & Cia., o jornal voltou a circular em 15 de novembro de 1894, data da posse do presidente Prudente de Moraes, que marcava o fim da "República da Espada" e o início do período civil que veio a ser conhecido como "política do café-com-leite". A opção pela data assinalava o apoio à República (que completava 5 anos), e jornal passou a se intitular como o “legítimo e natural representante do povo”, voltando sua linha editorial para as notícias policiais, reivindicações populares e problemas urbanos. Os novos proprietários passaram a desconsiderar os três primeiros anos de funcionamento do jornal, tomando a data de relançamento do jornal como a de fundação, bem como a contar as edições a partir da mesma (embora os anos se mantivessem a partir da contagem original).[3]
Já no século XX, no ano de 1900, o Jornal do Brasil passou a expedir exemplares para todo o país, atingindo uma tiragem diária de 60 mil, a maior da América do Sul, superando o La Prensa, de Buenos Aires, Argentina. Com uma linha editorial que ia desde as reivindicações populares, passando pelas colunas especializadas até o jogo do bicho, o Jornal do Brasil tornou-se o principal veículo de imprensa do Brasil, ditando a moda e os costumes do país inteiro, sendo a partir daí conhecido como "Popularíssimo". Esse período próspero também se refletiu na modernização de todo o jornal, que investiu num maquinário de última geração que permitiu a impressão de ilustrações em cores, e numa nova sede, um arranha-céu construído na recém-inaugurada Avenida Central (atual Avenida Rio Branco), que foi concluído em 1910. No período começou a publicas semanalmente a Revista da Semana, a primeira revista ilustrada por fotografias com aprofundada interação entre texto e imagem do país.[3]
O Jornal do Brasil também tornou-se o primeiro do Brasil a inserir ilustrações em suas páginas, a exemplo do que os principais jornais do mundo faziam na época, e também foi pioneiro na publicação de um caderno exclusivo para o esporte, a partir de 1912. Também foi o primeiro a veicular anúncios na capa, em 1906, para adquirir capital e sanar os débitos da modernização. O jornal passou por alterações no quadro societário, que novamente passa a ser uma sociedade anônima. Seus proprietários passam a ser Carvalho de Morais e o conde Ernesto Pereira Carneiro, que inicialmente cuidava apenas do setor comercial e financeiro.[3]
Durante a Primeira Guerra Mundial, o Jornal do Brasil passou a sofrer uma crise financeira, em função do encarecimento da matéria-prima destinada a produção dos exemplares, como o papel-jornal. A crise somou-se às dívidas que vinham desde a modernização da estrutura, e em 1919, o conde Pereira Carneiro passou a ser o acionista integral do jornal após as hipotecas deixarem de ser pagas. É nessa mesma época que Assis Chateaubriand, que anos depois tornaria-se o magnata da comunicação brasileira, passa a ser chefe de redação do jornal.[3]
Na década de 1920, acompanhando a profissionalização da imprensa brasileira e o surgimento do rádio e do cinema, o JB passa por várias reformulações editoriais. O jornal também acompanhou os desdobramentos que puseram fim a política do café com leite e culminaram na Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas e seus aliados políticos depuseram o presidente Washington Luís e impediram a posse de Julio Prestes. O governo provisório perseguiu os veículos de imprensa que haviam apoiado o antigo presidente, o que incluiu o Jornal do Brasil, que foi empastelado pela terceira vez em sua história e ficou fora de circulação por quatro meses.[3]
Já na década de 1930, o jornal sofria com a censura e com problemas econômicos. Em 1934, Pereira Carneiro nomeou José Pires do Rio como diretor-tesoureiro, e este promoveu uma série de reestruturações que fizeram o Jornal do Brasil dar menos enfoque ao conteúdo e mais enfoque aos anúncios, sobretudo aqueles de serviços domésticos, que abarrotavam as páginas levando o jornal a uma queda vertiginosa de qualidade e a ser apelidado de "jornal das cozinheiras". Para não sofrer ainda mais com a censura, principalmente depois do início do Estado Novo em 1937, o Jornal do Brasil teve que apoiar o novo regime, mantendo relações cordiais com o Departamento de Imprensa e Propaganda e apoiando as reformas trabalhistas e econômicas do presidente.[3]
Essa foi a fase de menor prestígio da história do jornal, que teve que se alinhar com os políticos governistas para se manter, tal como aconteceu nos seus primeiros anos de existência. O Jornal do Brasil perdeu também algumas de suas características marcantes, como as ilustrações, que foram substituídas pelas fotografias, e diminuiu seu papel de grande noticioso do país. Na década de 1950, o conde Pereira Carneiro se afasta do jornal por conta da sua saúde debilitada, vindo a falecer em 1954. O jornal então passa a ser de propriedade da sua esposa, a condessa Maurina Dunshee de Abranches Pereira Carneiro, que nomeia o seu genro, Nascimento Brito, o novo diretor-executivo do jornal.[3]
Com a nova administração, o Jornal do Brasil busca recuperar sua utilidade pública iniciando uma reestruturação total. As primeiras mudanças começam ainda em 1956, com a criação do Suplemento Dominical por Reynaldo Jardim e a vinda de Odylo Costa Filho, que organiza uma equipe com nomes vindos do Diário Carioca e do Tribuna da Imprensa, composta por Jânio de Freitas, Carlos Castelo Branco, Carlos Lemos, Wilson Figueiredo, Amílcar de Castro, Hermano Alves, Lúcio Neves, Luís Lobo, Ferreira Gullar e José Carlos de Oliveira. Destes, Jânio foi o responsável por recriar a capa do jornal, que estreou oficialmente em 3 de junho de 1959,[5] e Amílcar, o design gráfico e criação dos tradicionais cadernos "B" (para artes em geral) e "C" (para os classificados), em 1960, criando uma tendência copiada por praticamente todos os jornais do país e que é comum até hoje, tornando o Jornal do Brasil novamente numa referência nacional.[3]
Sofreu perseguição da ditadura militar depois da promulgação do Ato Institucional Número 5, após se utilizar do quadro da previsão do tempo para driblar a censura então imposta pelos militares ao ex-embaixador José Sette Câmara Filho, preso.[6] A condessa Pereira Carneiro, proprietária do jornal, decidiu suspender a sua circulação até que Câmara fosse libertado, o que ocorreu poucos dias depois.[6] Seu presidente, Nascimento Brito, foi preso e interrogado em 1970, depois de voltar do México, de uma reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa, onde havia criticado suavemente a censura.[6]
Na década de 1970, o JB se transferiu para um novo prédio, na Avenida Brasil, 500, em frente ao Porto do Rio de Janeiro. Conforme Jânio de Freitas, o JB foi o principal jornal durante a ditadura, auferindo muitos lucros ao identificar-se com o regime. Liderou iniciativas de apoio ao regime, utilizando expressões como "milagre brasileiro", "Brasil grande", ou a designação de terroristas a opositores, mesmo não armados. Com a redemocratização, tais ganhos desapareceram e o jornal logo entraria em crise.[7] Na década de 1980, o Jornal do Brasil concorreu na licitação de concessões do Governo Federal para montar uma rede de televisão nacional, porém perdeu para o Grupo Silvio Santos e para o Grupo Bloch. No entanto, investiu no seu sistema de rádios, que contava com a Rádio Jornal do Brasil, a JB FM e a Rádio Cidade, todas integradas ao jornal. Também é nessa época que Nascimento Brito torna-se proprietário do JB, com a morte da sua sogra, a condessa Pereira Carneiro, em 1983.
Em 2001, Nascimento Brito arrendou o título do jornal para o empresário Nelson Tanure por 60 anos, renováveis por mais 30.[8] A intenção do empresário, conhecido por comprar empresas pré-falimentares, saneá-las e depois revendê-las, era recuperar o prestígio do jornal. Naquele ano, as vendas do jornal eram de 70 mil exemplares em média durante a semana e 105 mil aos domingos.[8] Recuperou-se a partir de 2003, atingindo 100 mil exemplares em 2007, quando então as vendas novamente começaram a cair, chegando a 20 941 em março de 2010.[9]
Em 2002, a redação deixou o prédio da Avenida Brasil, que hoje abriga o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, e se transferiu para o Edifício Conde Pereira Carneiro, no mesmo endereço da antiga sede que foi demolida na Avenida Rio Branco, 110. Em 2005, o JB instalou-se na "Casa do Bispo", no bairro do Rio Comprido, imóvel histórico e representativo do colonial luso-brasileiro, datado do início do século XVII, que já serviu de sede à Fundação Roberto Marinho.
Em 16 de abril de 2006, começou a circular nas bancas em formato berlinense ou europeu, maior que o tabloide e menor que o standard, seguido por diversos jornais daquele continente. Em 2008, o Jornal do Brasil realizou uma parceria de digitalização com o buscador Google, que resultou no livre acesso de edições digitalizadas das décadas de 1930 a 1990.[10]
Em julho de 2010, foi anunciado o fim da edição impressa do jornal que, a partir de 1º de setembro do mesmo ano, passou a existir somente em versão online, com alguns conteúdos restritos a assinantes, o JB Premium.[9] O JB passou então a autodenominar-se "O primeiro jornal 100% digital do país!".
Em fevereiro de 2017, o jornal foi comprado pelo empresário Omar Resende Peres Filho, que negociou a cessão do nome com Nelson Tanure por 30 anos, e prometeu voltar a publicar uma versão impressa do jornal.[11] O empresário assumiu o jornal no dia 22 de dezembro,[12] e em 25 de fevereiro de 2018, após cerca de 7 anos e 5 meses fora de circulação, o JB voltou a circular nas bancas.[13]
A redação do JB voltou a funcionar na Avenida Rio Branco, no 21º andar do Edifício RB 53, contando com 30 profissionais e 20 colunistas e colaboradores, e sua impressão passou a ser feita no parque gráfico do Infoglobo em Duque de Caxias, no tradicional formato standard, que o jornal teve até 2006, com uma tiragem especial de 50 mil exemplares, passando a 20 mil nos dias posteriores. Para anunciar a reestreia do JB, três aviões com faixas de publicidade foram colocados para sobrevoar a orla do Rio de Janeiro e de Niterói, e vários pontos de venda foram espalhados pela cidade. Em apenas cinco horas de venda, os exemplares esgotaram nas bancas.[14] O jornal também passou a ser comercializado no Distrito Federal, com a impressão de 2 mil exemplares feita localmente pelo parque gráfico do Jornal de Brasília e em São Paulo, apenas nos aeroportos da cidade.[2][15] Em 10 de abril, o JB mudou-se para uma nova sede, em um prédio histórico também localizado na Avenida Rio Branco, com espaço preparado para futuras expansões do jornal.[16]
Pouco mais de 1 ano do retorno às bancas, em 12 de março de 2019, Omar Resende Peres Filho anunciou o fim da edição impressa.[17] Estima-se que cerca de 20 comunicadores foram demitidos na ocasião.[18]